No começo da década de 1990, a Capcom era “a” desenvolvedora de games. Seu Street Fighter IIlotava casas de jogos e, quando foi lançado para Super Nintendo, fez muita, mas muita gente mesmo comprar o console só para ter o jogo em casa.
Naquela época não existiam muitas das facilidades de hoje, mas uma coisa já era presente: a pirataria. Não demorou muito e começaram a surgir variações não autorizadas de Street Fighter II, os famosos “Street Fighter de rodoviária”, com poderes absurdos, como magias durante os saltos, mais velocidade e roupas diferentes.
Não que tenha sido apenas esse o motivo, mas também colaborou para as incontáveis variações oficiais de Street Fighter II. Do original World Warrios à celebração HD Remix, foram sete versões, cada uma delas tratada com pompa de lançamento AAA.
Street Fighter III não fez metade do sucesso que seu predecessor fez, mas mesmo assim ganhou duas variações. Após um longo hiato, a Capcom anunciou Street Fighter IV, em 3D e para consoles modernos. Boa!
A quarta investida da série foi sucesso de público e crítica. Lançada nos consoles, fez muito gamer das antigas voltar a trocar socos e poderes com seus joysticks, mesmo numa época em que jogos de luta já não têm o prestígio e a popularidade de outrora.
Essa, aliás, é apenas uma das diferenças dos anos 2000 para o início da década de 1990. Hoje a indústria é mais madura e as formas de distribuir jogos e atualizações, também. Não é preciso esperar uma continuação para corrigir um defeitinho no jogo; não é preciso um lançamento para acrescentar missões, roupas ou itens especiais a um título. DLCs estão aí, às vezes saem até junto com o próprio jogo — numa clara demonstração de canalhice do desenvolvedor.
Mesmo com todo esse avanço, parece que a mentalidade de quem manda na Capcom continua estacionada em 1991. Street Fighter IV já tem duas variações, Super e Arcade Edition, e nenhuma delas funciona como DLC do título original. São jogos distribuídos em mídia física, tratados como lançamentos. Quem comprou Street Fighter IV? Azar.
Marvel vs. Capcom 3, apenas cinco meses depois de lançado, já está obsoleto. Ultimate Marvel vs. Capcom 3 foi anunciado como um novo jogo, com uma dúzia de personagens novos, melhorias no modo online (já implementadas na franquia Street Fighter antes do MvC3 original) e ajustes no equilíbrio dos personagens. É seu, caro dono de Marvel vs. Capcom 3, por apenas US$ 39.
É um desrespeito com o cliente que gosta e compra o jogo assim que ele é lançado.
Por outro lado, Mortal Kombat está recebendo vários personagens novos (até Freddy Krueger!). Eles são caros, US$ 4,99 cada, mas de qualquer forma continua sendo um único jogo, o que além de ser mais cômodo e econômico ao jogador, aumenta o valor agregado.
Capcom, estamos no século XXI, DLCs são possíveis e todo mundo gosta. Favor parar com essa mania besta de esfolar os fãs dos seus jogos de luta. Grato.
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